quinta-feira, 15 de maio de 2008

Entreouvido por aí!

- Amor, tô de dieta; a partir de hoje, pode me servir no prato de sobremesa.

- A minha é de chocolate!

Família conversando na mesa do almoço.

Heresia

Vou admitir: eu tenho sim preconceito com novelas. Não assisto a algumas por pura birra, e entendo essa geração de pseudo-intelectuais que não vê Fantástico, BBB e Vídeo Show. Ou que diz que não faz nenhuma dessas três coisas.

O problema é que ando traindo o movimento e vim aqui admitir a minha culpa: eu vejo Duas Caras! Poderia dizer que assisto por questões de estudos antropológicos (o que é uma mentira descarada) e desistir desse texto. Mas o caso é sério; eu não só vejo a novela como, em pleno ano de vestibular, mato cursinho para seguir a trama que tá acabando e me deixando cada vez mais nervosa.

Na verdade, eu tenho dificuldades em saber/compreender a que meios (ilícitos, imagino) meus companheiros de pose recorrem para conseguir permanecer com princípios infames inalterados e não gostar dessa novela. Definitivamente não entra na minha cabeça, embora eu também quisesse ter essa força de vontade (ou pedantismo, whatever). Só que esse vício tá começando a prejudicar a minha vida. Explico: plena sexta-feira, todos juntos num restaurante comendo pizza, derramando Coca-Cola e conversando, e eu lá, olhando fixa e tensamente pra tevê. Se ninguém reparasse a minha ausência não teria o menor problema. Só que eu faço questão de, a cada término do assunto (ou início de propaganda, entendam como quiserem), perguntar com a maior cara-lavada “O quê?”. Resultado: fico com fama de uma pessoa ligeiramente devagar, e isso enfraquece a amizade.

Entretanto, imagino que eu não seja a única a passar por esse tipo de problema, uma vez que, de acordo com o PNT (Painel Nacional de Televisão) do mês de Abril, Duas Caras foi o programa mais assistido no país, ganhando até do Jornal Nacional, além de ter sido campeã de audiência entre todas as faixas etárias, classes sociais e sexos. Provavelmente entre todos os tipos de pseudo-intelectuais (ênfase no “pseudo”, no meu caso) também.

Diante dessa situação caótica, não tive outra escolha a não ser recorrer aos santos; um dos desejos que fiz na minha última fitinha do Senhor do Bonfim foi que essa vontade LOUCA passasse, e eu voltasse a seguir à risca nossos princípios infames. Para minha (in)felicidade, a fitinha não arrebentou.