Os anos de Criar foram uns dos melhores da minha vida. Lembro-me com um saudosismo sentimentalista das cores vibrantes desse arco-íris, que por tanto tempo tingiram a minha história, e moldaram o meu caráter e a minha poesia.
A escola era a extensão do meu quintal. Os professores, meus tios e tias mais queridos e presentes. Sangues do meu sangue. Que me fizeram compreender que às vezes uma banalidade pode ser o motivo de uma lágrima ou de um sorriso; que um abraço num momento esquisito pode significar além do imaginado e pretendido.
Lá, me fizeram acreditar na canção que dizia que é preciso amar, embora isso soe clichê. Me fizeram entender que o clichê, muitas vezes, é a diferença entre o que importa e o que não faz o menor sentido. Aprendi a correr quando não há escapatória, a resolver problemas com a desenvoltura descompromissada de uma criança.
Muito mais do que formular pré-fabricadas, foi no Criar onde aprendi a enxergar que a vida vai além de um soneto decassílabo de rimas intercaladas; que, na verdade, a vida é apenas um punhado de lembranças coloridas que nos fazem chorar num domingo chuvoso recheado de memórias, como este.
*Menino azul-pelado é referente à antiga logo do Criar.