A primeira coisa que me perguntaram ao final do filme foi: “Thayrine, com quem você anda saindo, hein?” Minha resposta foi um leve enrubescimento. Não aceitaram a justificativa verdadeira de que eu li a crítica – positiva - no O Globo. Insistiram na pergunta, ao passo em que outros retrucaram: “Não duvido de nada, depois que a Globo bancou aquela minissérie de merda, Caros Amigos!” Continuei calada, preocupada em escurecer o tom de vermelho da minha pele, amarelar o sorriso amarelo; maldito bonequinho.
O filme em questão chama-se 1974 e é milnovecentosesetentaequatrovezes chato! A história se passa no Brasil, no início do governo de Geisel. Uma rica jovem aspirante a jornalista e um músico pobre e roqueirinho acabam se esbarrando em meio a um confronto entre policiais e adolescentes. Rola aquele clima de filminho água-com-açúcar, e eles se separam. O músico se apaixona logo naquele primeiro encontro, e o resto do filme eles passam por aquelas confusões mal-resolvidas dos casais de Malhação.
A proposta do filme é linda, um ângulo “novo” para uma época que me comove e que faria do filme um forte candidato a um dos meus preferidos (não que isso valha de alguma coisa). As mudanças seriam várias, e começariam pelas falas, que são essas mesmas que a gente vê na novela das seis, superprevisíveis. Tanto, que ao longo do filme eu conseguia até escutar os espectadores completando a frase antes de os personagens o fazerem, naquele silêncio que (era pra) dar suspense. E não ficou bonito, como naqueles filmes antigos de Hollywood. Os atores também não foram nada bem; feições plásticas, entonação péssima, gesticulação idem. O que salvou foi o visual, e ponto.
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